Poeta compositor, músico e ator
@macielmelooficial
PROSAS POÉTICAS DE UM CABOCLO SONHADOR
Maciel Melo é poeta compositor, músico, ator e escritor, com três livros editados: "A poeira e a estrada, O refúgio das interrogações, O menino que sonhava passarinho", e um ainda no prelo, a ser lançado em breve com o título: "A marca da cicatriz". Maciel é hoje uma referência da música nordestina; autor de sucessos gravados por grandes vozes do país ( Elba Ramalho, Fagner, Dominguinhos, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho, Quinteto Violado, Flávio José, Xangai entre tantos outros). É o compositor do clássico "Caboclo Sonhador", e outros sucessos como: Que nem Vem Vem, Tampa de Pedra, Terra Prometida, Caia por cima de mim. Isso vale um abraço, Jeito Maroto, Dê cá um Cheiro, Pra ninar meu coração, O velho arvoredo Retinas, Rainha, Dama de Ouro, esta inserida na trilha sonora do filme Lisbela e o prisioneiro, além de ter atuado como ator na novela Velho Chico, folhetim das nove da rede globo
03 de março, 2024

Uma pedra no meio do caminho

A estrada é incerta, curvilínea; o inesperado pode ser uma pedra que surja logo após a próxima curva, bem no meio do caminho. Minhas premonições sempre se concretizam: não é que a danada da pedra estava lá! Mas é apenas mais uma. Já foram tantas que nem lembro mais o peso da primeira. Talvez essa […]

04 de fevereiro, 2024

Os flabelos do bairro São José

Tocam-se os clarins. Os estandartes vão surgindo como num passe de mágica, e as cores vão invadindo a alma das pessoas, colorindo nossos olhos e jogando confetes na autoestima de cada folião. Portas e janelas vão-se abrindo. Aos poucos, o riso vai-se estendendo pelas calçadas, desenhando máscaras e enchendo o mundo de cor e fantasia. […]

07 de janeiro, 2024

O refúgio das interrogações.

Entre o medo e a razão, entre a canção e a prosa, entre o poema e a rosa, há um ninho de exclamações carregado de metáforas criando penugens pra voar no céu do subconsciente. Entre uma porta entreaberta, entre uma coisa errada e outra certa, há uma fenda onde se escondem interrogações não respondidas, onde […]

02 de dezembro, 2023

A ORIGEM DA NEUROSE

Ontem inventei de tomar umas cervejas comigo mesmo, e lá pras tantas, já meio triscado, comecei procurar coisas amenas pra ler e me deparei com esse texto. Na postagem não tinha a autoria, mas confesso que me identifiquei com ele. Se alguém souber o autor, por favor, cite nos comentários. Pois bem: cheguei a conclusão […]

19 de novembro, 2023

A dança das borboletas

Tudo era sertão, tudo era canção, tudo era poesia. De repente, o olhar se estreita como um fio de laser e mira um ponto fixo, lá num canto da plateia. Era o vulto esvoaçante de uma linda borboleta. Uma mariposa branca. Diz a lenda que as mariposas brancas são raríssimas e quando aparecem é sinal […]

12 de novembro, 2023

O espaço vazio de uma porta entreaberta

“Sou um homem marcadoMas esta marca temeráriaEntre as cinzas das estrelasHá de um dia se apagar” O poeta Joaquim Cardozo definiu nestes versos o fim de um grande homem. Talvez até para expressar seu próprio fim. Mas as marcas de um grande homem jamais se apagarão e as suas cicatrizes temerárias servirão de traços para […]

06 de novembro, 2023

Restos de monturo

A inocência era o antídoto do medo. A ousadia ignorava os conselhos, que ficavam no batente da calçada. Pendurava a camisa no ombro, e saía à procura de qualquer coisa que tivesse a magia dos brinquedos. A liberdade era uma estrada estranha, lúdica, cheia de dúvidas, ladeada por anjos e demônios, que digladiavam-se para indicar […]

29 de outubro, 2023

As curvas da letra S

Às vezes as pessoas transbordam em seus excessos, para poder apurar o que sobra. A intensidade do ser é fundamental para o desejo, quando se quer alcançar algum objetivo, embora nem sempre o final seja prazeroso. Muitas vezes a incompatibilidade só é visível quando a razão toma as rédeas e começa a puxar o cabresto […]

22 de outubro, 2023

Não vou embora pra Pasárgada

Não, não vou embora pra Pasárgada. Aqui é o meu lugar. Quero sonhar, soltando pipas sob o céu azul, brincar, sendo criança, pelos arvoredos, botar minha roupa debaixo de uma pedra e dar um mergulho flecheiro, fazendo das galhas dos jequitibás trampolins e nadar nos aquários de Deus. Não, não vou embora pra Pasárgada. Não […]

01 de outubro, 2023

O desuso da navalha

Já não escuto mais aquela música, arranhou o disco, mudei de som, mudei o tom, e aquela melodia se enganchou numa teia de aranha, mofou o mote e desmetrificou nas sílabas tônicas de um soneto que tinha tudo pra ser uma bela canção. “Ah! Bruta flor do querer, ah bruta flor, bruta flor…”. Em meus […]

16 de setembro, 2023

Entre a lâmina e o espelho

Uma lâmina de vidro, ladeava as escadarias de uma arquitetura barroca, onde se lia em alto relevo na fachada: “Aqui é a casa do povo.” Que ironia! Na verdade, ali era apenas um depósito de cabides onde se penduravam paletós, discursos e gravatas.  Em seu entorno, carros longos, pretos, blindados e bem polidos, exaltavam a […]

10 de setembro, 2023

Para quem nunca soube o que é ter precisão

                                      A aridez é o estado térmico de sua sobrevivência. É a temperatura ambiente do seu estado de espírito. Mas isso não torna seu coração infecundo.                       […]

03 de setembro, 2023

Politicamente incorreto

Ontem por um acaso encontrei com um amigo de infância. Foi engraçado o momento, pois ele ficou cheio de cerimônias sem saber como se dirigir à mim. Quando menino ele me chamava de Nego D’água, por viver pelos açudes e pelos barreiros, pescando e tomando banho. Eu lhe chamava de Ferrugem, por ele ser uma […]

27 de agosto, 2023

Os brutos também amam

Era necessário reacender seu plano de luz. Se penumbrou, se sublinhou, reticenciou o assunto e encerrou o monólogo. Entendeu por fim que nada será como antes. “No princípio era o verbo”. Agora, subjetivando-se entre os vertebrados, entre pássaros, folhas, flores e frutos, passa a perceber que “Os brutos também amam”. Diz uma velha canção, que […]