Entre o medo e a razão, entre a canção e a prosa, entre o poema e a rosa, há um ninho de exclamações carregado de metáforas criando penugens pra voar no céu do subconsciente.
Entre uma porta entreaberta, entre uma coisa errada e outra certa, há uma fenda onde se escondem interrogações não respondidas, onde moram as reticências que a vida esqueceu de pontilhar.
Pode ser a presença do nada, pode ser o medo de entrar ou de sair, se não houver a certeza de que, em uma dessas brechas imaginárias, existe algum tipo de sentimento.
São nesses espaços de ausência que trafego todo dia. Imprenso o meu pensamento e espremo o coração até achar, em uma dessas frinchas, uma lamparina para acender o pavio que irá alumiar aquela noite que no passado se apagou lá no sertão.
Entre a saudade e o desejo, entre o suspiro e o beijo, entre o ser e o não ser, há uma distância muito curta se o transporte que lhe leva for movido a respeito, carinho, afeto e amizade.
Se as pupilas dilatarem, se as retinas se acenderem, se as almas se misturarem, se os corpos se estenderem pelas calçadas do bem, todas as brechas se alargam, todas as fendas se abrem, todas as luzes transcendem, e nada mais será vão.
A poesia me desperta, as metáforas me transbordam, os Deuses todos me acordam, e nunca mais solidão.