A estrada é incerta, curvilínea; o inesperado pode ser uma pedra que surja logo após a próxima curva, bem no meio do caminho. Minhas premonições sempre se concretizam: não é que a danada da pedra estava lá! Mas é apenas mais uma. Já foram tantas que nem lembro mais o peso da primeira.
Talvez essa seja a mais pesada; talvez já não tenha mais tanta força para removê-la; mas diante dos poderes de Deus é só um cisco. Baixo a guarda, me recomponho, me redimo e peço às divindades que me deem discernimento para saber escolher bem as sementes que irei plantar daqui pra frente. Que não me deixem guardar rancores, mágoas, desafetos, muito menos avareza.
Ainda acredito na coletividade, na amplidão do ser, no poema que sonha, que ri e que chora, no tesão
do agora, no amargo-doce de se amar a vida. Não acredito em nada que se deixe pra depois. Não acredito em palavra que não possa ser conjugada. Não acredito em retórica, porque é no silêncio do pulsar pensante que se ouvem os berros de um verdadeiro amor.