Os casos de HIV entre idosos no Brasil aumentaram 441% em dez anos, de acordo com dados do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde. Em 2012, foram registradas 378 infecções em pessoas com 60 anos ou mais, número que saltou para 1.951 em 2022. No mesmo período, os óbitos por Aids nessa faixa etária cresceram 85%, passando de 980 para 1.827. Esse aumento contrasta com a redução das taxas de mortalidade por Aids em outras faixas etárias no mesmo período.

Especialistas atribuem o crescimento à falta de campanhas de prevenção direcionadas ao público idoso e ao diagnóstico tardio da infecção. Segundo Alessandra Tieppo, diretora da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), existe um estigma que desconsidera a vida sexual dos idosos, o que dificulta o rastreamento e a detecção precoce da doença. “Os profissionais de saúde muitas vezes não pedem testes de sorologia, e os casos são descobertos de forma incidental, durante internações ou investigações de sintomas persistentes”, explica a geriatra.

Além disso, o envelhecimento do sistema imunológico, conhecido como imunossenescência, reduz a capacidade de resposta ao HIV, acelerando o avanço para a Aids e dificultando o tratamento. O uso de múltiplos medicamentos para doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, também compromete a adesão ao tratamento antirretroviral. O Unaids alerta que os idosos são o único grupo etário no qual a mortalidade por Aids aumentou entre 2011 e 2021, destacando a vulnerabilidade desse público.

A campanha Dezembro Vermelho, dedicada à conscientização sobre o HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis, busca lançar luz sobre o problema e incentivar ações de prevenção e diagnóstico precoce. Em 2022, o Brasil registrou 43.403 novos casos de HIV e 10.994 óbitos relacionados ao vírus. No primeiro semestre de 2023, já foram contabilizados 20.237 novos casos, e os números consolidados do ano devem ser divulgados pelo Ministério da Saúde em breve.

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