O Festival de Inverno de Garanhuns (FIG) pautou uma audiência pública realizada ontem (20), no âmbito da Comissão de Assuntos Municipais da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Iniciativa do deputado estadual João Paulo (PT), o encontro suscitou críticas em relação à organização da última edição do FIG, ocorrida em julho, e teve como propósito apontar diretrizes para aprimorar a realização do festival no próximo ano, destacando a importância do diálogo entre a prefeitura de Garanhuns e o governo estadual.
De acordo com Renata Borba, presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) e responsável pelo evento, a redução da verba prevista na Lei Orçamentária Anual (LOA), resultante da gestão anterior, prejudicou a organização do festival. Ela relatou que, neste ano, foram investidos R$ 6 milhões, em comparação com os R$ 21 milhões previstos na LOA de 2022.
“É um dos maiores festivais culturais da América Latina, que não pode se resumir ao Palco Mestre Dominguinhos. Mas claro que a gente não poderia deixar um polo tão especial em segundo plano, então eu não posso dizer que um palco que teve Lenine, Tiago Iorc, Arnaldo Antunes, Gabriel o Pensador, Baianasystem, Simone Mendes, é um palco que não teve atrações de nível nacional, que não teve atrações que chamem público”, afirmou Borba.
O prefeito de Garanhuns, Sivaldo Albino (PSB), presente na audiência pública, anunciou que a prefeitura assumirá maior autonomia na organização da próxima edição do festival, uma vez que, segundo ele, o diálogo com o governo estadual “deixou a desejar”.
“Queremos fazer com que esse festival cresça a cada ano e se fortaleça. Por isso, anunciamos 13 das 19 atrações que já fechamos para o FIG de 2024. E volto a dizer: a gente quer o apoio e a parceria com o Governo do Estado, estamos abertos ao diálogo e vamos buscar o apoio do Governo Federal e da iniciativa privada, que ao longo desse tempo todo não teve participação no Festival”, enfatizou.
A próxima edição do Festival de Inverno de Garanhuns será realizada entre 11 e 28 de julho de 2024. A municipalização do festival, proposta pelo prefeito, gerou opiniões divergentes entre os vereadores da cidade presentes na sessão.
O presidente da Câmara, Luizinho Roldão (PSB), manifestou apoio à medida, enquanto aqueles que foram contrários argumentaram que o FIG poderia perder terreno para outras cidades do circuito do frio e alertaram para o risco de que haja privatização do evento e precarização dos cachês pagos às atrações locais.
Wagner Stader, conselheiro cultural eleito,lamentou a disputa política envolvendo a realização do evento e defendeu que o sucesso de um festival de fomento à cultura não pode ser medido apenas pelo tamanho do público. Já os vendedores ambulantes se queixaram da queda de público e declararam que, datas e atrações anunciadas em cima da hora, “os impedem de dimensionar os estoques para evitar prejuízos”.
Artistas presentes à audiência reclamaram da estrutura disponibilizada e da falta de transparência na avaliação das atrações inscritas em 2023. O deputado João Paulo (PT) autor do requerimento para realização da audiência pública, acredita que há tempo para um entendimento entre as gestões estadual e municipal. O parlamentar sugeriu aprofundar o diálogo com uma participação mais ampla da sociedade civil.
Fotos: Evane Manço
