Teste de saliva promete identificar Alzheimer até 20 anos antes dos sintomas

O doutor em biotecnologia Gustavo Alves Andrade dos Santos, pesquisador colaborador da Unicamp e pós‑doutor pela USP de Ribeirão Preto, lidera um estudo pioneiro que usa biomarcadores na saliva para detectar a Doença de Alzheimer em estágio pré‑clínico. Iniciada em 2012 durante seu doutorado, a pesquisa busca identificar alterações até duas décadas antes do aparecimento dos primeiros sinais de perda cognitiva, abrindo caminho para intervenções precoces.

Diferentemente dos métodos atuais, que dependem de exclusão por exames de sangue, imagem e avaliações cognitivas, o novo protocolo foca na proteína tau hiperfosforilada (pTAU), cujos níveis se elevam na saliva de pacientes com Alzheimer, aparecem em grau menor em idosos saudáveis e são quase inexistentes em adultos jovens. Segundo Santos, “a saliva contém centenas de substâncias capazes de indicar alterações no organismo, e já sabemos que é viável detectar Alzheimer dessa forma; agora vamos ampliar os estudos com grupos de diferentes faixas etárias.”

A principal vantagem do teste salivar é ser não invasivo, de baixo custo e apto a escalabilidade em larga escala. Com projeções de mais de 75 milhões de pessoas vivendo com demência em 2030, especialmente em países de média e baixa renda, a detecção precoce permitirá mitigar fatores de risco — como sedentarismo, obesidade e alimentação inadequada — e retardar o avanço da doença. A equipe de Santos busca parcerias e investidores para acelerar o desenvolvimento e a eventual comercialização da tecnologia.

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