É com imenso orgulho que levamos 8 jovens alunas do Costurando Sonhos Brasil em Pernambuco, todas oriundas das periferias do Recife, para participar diretamente da organização de um dos maiores eventos de moda do estado: o Pernambuco Fashion Week. Este evento, que historicamente teve uma participação limitada de pessoas de origem periférica, agora verá essas jovens ocupando um lugar de destaque, levando o talento das favelas para o centro das atenções.
Esse momento é muito mais do que apenas um evento de moda. É um marco de representatividade, de resistência e, sobretudo, de quebra de barreiras. Ver essas jovens, que antes eram excluídas de eventos desse porte, assumirem protagonismo em um dos maiores palcos da moda em Pernambuco me enche de orgulho. Como alguém que vem da favela, sei o peso simbólico que essa conquista carrega.
Essa conquista também inclui a comunidade LGBTQIAPN+, que faz parte do Costurando Sonhos Brasil. Essas pessoas enfrentam desafios semelhantes aos das mulheres das periferias, lutando contra a exclusão e o preconceito. A moda, como espaço de diversidade e criatividade, deve ser inclusiva para todos, e é por isso que a participação dessas jovens e da comunidade LGBTQIAPN+ no Pernambuco Fashion Week envia uma mensagem clara: todos, independentemente de sua origem ou identidade, têm um lugar nas grandes passarelas e nos espaços mais prestigiados da sociedade.
Essa participação vai além da representatividade. Ela demonstra que capacitação e oportunidade são fundamentais para transformar vidas e comunidades inteiras. O projeto Costurando Sonhos Brasil em Pernambuco não se resume a formar costureiras; ele busca criar uma nova realidade para as periferias do Recife e da Região Metropolitana. Nosso objetivo é transformar essas áreas no segundo maior polo têxtil do estado, mudando a vida de milhares de mulheres e pessoas LGBTQIAPN+ que, até então, não viam alternativas de crescimento profissional.
Essa missão é urgente, especialmente quando olhamos para o atual cenário econômico de Pernambuco. O estado registra uma das maiores taxas de desemprego do Brasil, 12,9%, o que significa mais de 580 mil pernambucanos desempregados. As mulheres das favelas e a população LGBTQIAPN+ estão entre as mais afetadas, enfrentando falta de oportunidades, sobrecarga de tarefas domésticas e discriminação no mercado de trabalho. O setor têxtil, em expansão, é uma oportunidade de inserção para essas pessoas, mas há uma escassez de mão de obra qualificada. É aqui que o Costurando Sonhos Brasil se faz necessário.
Ao capacitar mulheres e membros da comunidade LGBTQIAPN+ em corte e costura, estamos não só formando profissionais aptos a atender a demanda de um setor que necessita de mão de obra qualificada, como também impulsionando o desenvolvimento econômico das periferias. Esse processo gera emprego, renda e uma nova perspectiva para muitas famílias.
A participação no Pernambuco Fashion Week é apenas o começo de muitas vitórias que buscamos para essas jovens. Queremos que elas, assim como a comunidade LGBTQIAPN+, sejam vistas como exemplos de talento e determinação, inspirando outras pessoas das favelas a buscar capacitação e acreditar que podem ocupar espaços antes inacessíveis. Esse é o verdadeiro propósito do Costurando Sonhos Brasil: romper barreiras, criar oportunidades e mostrar que a favela tem espaço na indústria da moda e em qualquer outro setor.
Cada conquista dessas jovens e membros da comunidade LGBTQIAPN+ reforça o orgulho de ser da favela. Ao furar essas bolhas, estamos não apenas transformando nossas vidas, mas gerando um impacto positivo em toda a comunidade. O futuro da moda em Pernambuco passa pelas favelas, e o Costurando Sonhos Brasil está aqui para garantir que esse futuro seja brilhante, inclusivo e acessível para todos.