Certamente, você já consumiu algum produto chinês. Seja comprando diretamente em suas plataformas, seja indiretamente, através de insumos adquiridos no mercado chinês para produção de produtos diversos.
Não é de hoje que a China desempenha um papel fundamental no cenário mundial, tanto em termos de economia quanto na definição de tendências em diversas áreas, incluindo negócios.
O país possui uma população massiva, uma economia em constante crescimento e uma abordagem ágil para inovação e tecnologia. Como resultado, muitas das ondas globais começam por lá e impactam o mundo inteiro.
As empresas chinesas investem pesado em tecnologias de personalização, buscando oferecer produtos e serviços sob medida para cada cliente. Dinheiro por lá é coisa do passado: tudo é pago por aplicativos, os mais usados são o Alipay e WeChat. Além de ser líder global em comércio eletrônico, com plataformas como AliExpress e Shopee, todos os carros que circulam nas cidades são elétricos. Vimos o made in china dominar o mundo…
Mas… “em casa de ferreiro, espeto é de pau”! Na mesma proporção em que o mercado chinês ganhou o mundo, também impôs barreiras comerciais aos produtos que ingressavam em seu território.
Apesar de manter relações comerciais muito estreitas com o Brasil, não só sendo o campeão de importações, mas também como um dos maiores compradores das nossas commodities e frangos, isso não era suficiente para nos blindar de medidas protecionistas, já que o mercado doméstico chinês alegou, em 2018, que os preços praticados pelo Brasil estavam muito abaixo do mercado.
Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal – ABPA, a Ásia mantém a liderança na compra de carne de frango do Brasil, o continente importou 1,64 milhão de toneladas em 2021, quantidade 0,5% a mais que em 2020.
A Região Sul lidera representando 49,3% do rebanho nacional, sendo o Paraná o líder entre os estados brasileiros com 470,3 milhões de cabeças de galináceos (galos, galinhas, frangos e pintos), crescendo 9,5% com relação a 2021 e com 29,7% de participação do total do país. O Brasil é o maior exportador mundial de frangos, e a Região Sul, liderada pelo Paraná, concentra a maior parte do abate de frangos do Brasil.
São Paulo vem na sequência com 201 milhões de cabeças de aves em 2022, cerca de 12,7% do rebanho total do país. O Rio Grande do Sul é o terceiro maior criador com 178 milhões de cabeças, 11,3% do total. Os dados mais atualizados mostram que, em Pernambuco, essa produção é cerca de 15 milhões de frango por mês.
Dias atrás, o mercado foi surpreendido com a notícia de que o gigante asiático não renovou a medida “antidumping” às exportações brasileiras de produtos de carne de frango. O comunicado do Itamaraty, junto do Ministério da Indústria e do Comércio, destacou que o governo brasileiro atuou ativamente junto a autoridades chinesas em diversos foros e durante a realização de mecanismos bilaterais de cooperação em 2023.
As medidas que a prejudicavam a competitividade do produto brasileiro no mercado chinês serão retiradas. A medida antidumping, incluindo uma sobretaxa de 17,8% a 34,2%, sobre a carne de frango exportada pelo Brasil que estava em vigor desde 2019, que foi revista, beneficiará não só as 14 empresas brasileiras haviam celebrado “compromissos de preços” com o governo da China, obrigando-se a praticar preços superiores a um patamar mínimo preestabelecido, mas todo o mercado exportador brasileiro de galináceos.
Cada vez mais vemos o famoso jargão “negócio da China” ser substituído pelo “negócios com a China”…
No mercado comércio internacional é assim: sobrevive mais aquele que não se prende a comportamentos de outrora, acompanha as mudanças de mercado e sabe estreitar relacionamentos com culturais diversas.