
O câncer colorretal, terceiro que mais mata no Brasil, tem apresentado crescimento acelerado entre os jovens, o que torna ainda mais urgente a detecção precoce. Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) estimam mais de 135 mil novos casos da doença entre 2023 e 2025. Embora mais comum em idosos, estudos apontam que o número de diagnósticos em adolescentes e jovens adultos cresceu significativamente nas últimas duas décadas. “É importante que a sociedade esteja atenta aos sinais e sintomas do câncer colorretal, pois ele não é mais considerado uma doença exclusiva de idosos e pode atingir outras faixas etárias”, alerta a médica Leliane Alencar, presidente da Sociedade Brasileira de Endoscopia em Pernambuco.
Nesse cenário, a Inteligência Artificial tem se consolidado como uma aliada estratégica. Tecnologias como o CAD EYE, já disponíveis em exames no Nordeste, funcionam como um “olho extra”, reconhecendo em tempo real padrões de pólipos e sugerindo a histologia mais provável. Segundo especialistas, o recurso pode elevar em até 34% a taxa de detecção de lesões sutis, aumentando a sensibilidade dos exames de colonoscopia e endoscopia. “A colonoscopia é essencial para o diagnóstico precoce, pois a doença pode se desenvolver sem apresentar nenhum sintoma. Quando descoberta na fase inicial, ainda restrita ao local de origem, a taxa de cura ultrapassa 90%”, reforça Leliane.
O avanço tecnológico também inclui a Magnificação Óptica Real, que amplia imagens em até 145 vezes, além de recursos como o LCI (Linked Color Imaging) e o BLI (Blue Light Imaging), que intensificam contrastes e permitem diferenciar lesões benignas de malignas. Para Leliane, a orientação deve ser ainda mais rigorosa para quem tem histórico familiar. “Esses pacientes precisam iniciar os exames dez anos antes da idade em que o parente próximo recebeu o diagnóstico. O planejamento individualizado pode salvar muitas vidas”, ressalta.
A médica destaca que, embora as taxas entre crianças e adolescentes tenham crescido, elas não são altas o suficiente para indicar colonoscopia nessa faixa etária. Porém, para jovens e adultos, o exame já é considerado fundamental. “Precisamos estimular a prevenção e ampliar o acesso a esses recursos de Inteligência Artificial. O futuro da luta contra o câncer colorretal depende da combinação entre tecnologia, atenção clínica e informação à população”, conclui Leliane.