Governo Lula reabre investigação sobre a morte de Juscelino Kubitschek

O Governo Federal, por meio da Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), decidiu reabrir a análise sobre a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek, ocorrida em um acidente de carro em 1976. O episódio, cercado de controvérsias, será reavaliado a partir de novas evidências técnicas que questionam a versão oficial do regime militar, que classificou o caso como um simples acidente. A decisão foi impulsionada pelo laudo do perito Sergio Ejzenberg, que aponta inconsistências nas investigações anteriores.

JK morreu em um acidente na Rodovia Presidente Dutra, quando o carro em que estava colidiu com uma carreta. A versão oficial sustentava que um ônibus teria tocado no veículo antes do choque fatal. No entanto, laudos posteriores levantaram a possibilidade de sabotagem mecânica, envenenamento ou até mesmo um tiro contra o motorista. O próprio Ministério Público Federal (MPF), que conduziu uma investigação entre 2013 e 2019, apontou que não há provas definitivas sobre as causas da perda de controle do veículo.

A nova análise surge em meio à retomada dos trabalhos da CEMDP pelo governo Lula, após o órgão ter sido extinto na gestão Bolsonaro. Segundo especialistas, a revisão do caso pode jogar luz sobre possíveis ações do regime militar contra opositores políticos. JK era uma figura influente da oposição na época e um dos articuladores da Frente Ampla, movimento contrário à ditadura. Documentos revelados pelo jornalista americano Jack Anderson indicam que seu nome estava na mira da Operação Condor, ação coordenada entre ditaduras sul-americanas para eliminar adversários.

A comissão deve justificar a reabertura do caso com o argumento de esclarecimento histórico, uma vez que os prazos legais para pedidos de investigação já expiraram. A reunião decisiva para a retomada das apurações está marcada para esta sexta-feira (14), no Recife.

Foto: Reprodução

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