Facções dominam serviço de internet em comunidades e expulsam provedores legais

Facções criminosas têm ampliado sua atuação para o fornecimento clandestino de internet em comunidades de diferentes estados brasileiros. No Rio de Janeiro, Pará e Ceará, grupos armados vêm ameaçando e expulsando pequenos provedores de internet, além de incendiar veículos e lojas para assumir o controle do serviço, considerado por autoridades como um dos negócios mais lucrativos do crime organizado. “Internet é a nova boca de fumo”, resumiu o delegado Pedro Brasil, da Polícia Civil do Rio. Só no estado fluminense, mais de 120 investigações foram abertas para apurar ações de grupos que instalam redes ilegais e cobram pedágio de empresas autorizadas.

Em regiões controladas pela facção Terceiro Comando Puro (TCP), chefiada por Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, técnicos são ameaçados com frequência. “Quem manda aqui é o Peixão. Vou te matar se não sair daqui”, diz um áudio obtido pela reportagem. Um provedor do norte fluminense, que preferiu não se identificar, afirmou: “O que chateia mais é o cara dizer que, se você não atender aos desejos dele, o seu funcionário vai descer do poste na bala”. No Pará, integrantes do Comando Vermelho incendiaram o carro de uma empresa em Ananindeua, e no Ceará, 13 ataques resultaram no fechamento de 15 provedores, deixando quase 16 mil pessoas sem acesso à internet.

Segundo a Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint), a situação representa uma ameaça crescente. “A gente tem medo que isso escale para o Brasil inteiro, por não ter um retorno rápido da segurança pública. Estamos falando de segurança nacional”, alertou o presidente da entidade, Mauricélio Oliveira. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) declarou estar à disposição das forças de segurança para colaborar com investigações e afirmou que, nos últimos dois anos, mais de R$ 18 bilhões foram investidos em infraestrutura por pequenos e médios provedores. No Ceará, 48 suspeitos foram presos, e a Secretaria de Segurança Pública do Rio já mapeou áreas sob influência das facções.

Foto: Reprodução

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