O Brasil tem um baixo consumo per capita de eletricidade, em torno de 2.500 kwh/hab/ano, o que caracteriza sua condição de país com pouco desenvolvimento. Comparativamente, a relação de consumo de eletricidade e índice de desenvolvimento humano – IDH – revela uma importante correlação da relevância da energia elétrica para o desenvolvimento dos países. Isto significa que o Brasil precisa ampliar, e muito, seu consumo per-capita de eletricidade para vencer a barreira que o separa do mundo desenvolvido, terá que construir muitas usinas de produção de energia.
A título de exemplo, o Canadá tem um consumo per capita de 13.854 kWh/hab/ano, Estados Unidos 11.730 kWh/hab/ano, Alemanha 6.693 kWh/hab/ano, França 6.644 kWh/hab/ano, Portugal 4.556 kWh/hab/ano e Chile 4026 kWh/hab/ano.
O Brasil, com uma população da ordem de 203 milhões de habitantes é, por necessidade, expansionista em produção de energia elétrica, numa escala bem diferente e maior do que os países que já se desenvolveram. É preciso cautela com as comparações e com a importação de modelos aplicados em países mais avançados. A regra básica a ser aplicada, aqui, é expandir a produção com segurança energética e baixas tarifas de energia elétrica, no curto, médio e longo prazos e mudar/ampliar os vetores econômicos na busca de novas atividades que usem a energia disponível e as potencialidades regionais, para que se possam gerar desenvolvimento, emprego, renda.
Um bom sistema elétrico é aquele que tem uma matriz equilibrada, com base nos três pilares fundamentais: segurança energética, segurança econômica e segurança ambiental e que possa ser expandido dessa forma. É papel do Estado garantir esse equilíbrio a partir das suas políticas.
No sistema elétrico do Nordeste do Brasil já se observa elevada participação de usinas eólicas e solar operando junto ao parque hidrelétrico.
E ainda é grande o potencial para implantação de mais unidades dessas fontes, intermitentes, cujas produções variam, respectivamente, de acordo com a intensidade dos ventos, com a incidência de luz solar e, no caso das hidrelétricas com o regime de chuvas, das disponibilidades e restrições.
Quando o vento para e/ou a luz solar não brilha, quem substitui a produção de energia? Como isso é feito? Será que o sistema elétrico brasileiro está indo bem? A confiabilidade e os custos estão adequados?
A julgar pela reunião do Comitê de Energia da Academia Nacional de Engenharia-ANE, no dia 26 de julho próximo passado, onde houve uma apresentação do Operador Nacional do Sistema – ONS, a situação é preocupante. O nível de complexidade operacional associado a riscos de apagões sinaliza a necessidade, urgente, de uma revisão na matriz de energia elétrica brasileira no curto, médio e longos prazos, com uma participação maior de energia de base, que independa das condições climáticas, inclusive energia nuclear por sua baixa emissão de gases de efeito estufa e pela alta confiabilidade.
Esse é um grande e importante desafio para o Ministério de Minas e Energia propiciar as bases para o desenvolvimento do Brasil.