Plano de Resíduos ganha protagonismo na agenda ESG das empresas

Cada vez mais as empresas investem na implementação de Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), prática que otimiza recursos, minimiza desperdícios e fortalece e atende ao conceito de Governança Ambiental e Social, ESG na sigla em inglês. Um PRGS bem estruturado melhora a eficiência operacional, pode reduzir custos com descarte inadequado e contribuir para a redução dos impactos ambientais. Além da conformidade ambiental, a adoção é fundamental para as empresas cumprirem a legislação vigente. Esse planejamento define a coleta, tratamento e destinação correta dos resíduos gerados, promovendo a sustentabilidade e evitando penalidades legais.

De acordo com a coordenadora do curso de Engenharia do centro universitário UniFBV Wyden, Fernanda Fragoso, o PGRS é a garantia à empresa de que o descarte de resíduos seja feito em conformidade com a legislação vigente e seguindo os preceitos de ESG. “É um instrumento fundamental para a promoção da sustentabilidade nas organizações públicas e privadas. Ele é exigido por lei para diversos setores, conforme a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010), e tem como principal objetivo planejar e operacionalizar a gestão adequada dos resíduos, desde a sua geração até a destinação final ambientalmente correta”, explica.

Na ótica da profissional, o mercado já está se movimentando de forma clara para tornar o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) e as práticas de ESG praticamente obrigatórios. “Instituições financeiras, órgãos reguladores, consumidores e grandes empresas, como o Grupo Pão de Açúcar (GPA), MRV Engenharia, Banco do Brasil, Bradesco, HSBC, Deutsche Bank e Ambev, impulsionam essa exigência. As companhias adotam relatórios, metas e comprovações ambientais para manter contratos, obter crédito e atender à demanda por sustentabilidade. Trata-se de uma mudança de paradigma, em que ESG e PGRS deixaram de ser diferenciais e se tornaram critérios essenciais. O mercado está se autorregulando, e crescer com responsabilidade exige incorporar essas práticas de forma séria, estruturada e transparente”, comenta.

O Sistema Nacional de Informações Sobre a Gestão de Resíduos Sólidos (SINIR) é o mecanismo do Ministério do Meio Ambiente responsável pelo controle das empresas. As companhias se cadastram como geradoras, transportadoras ou receptoras de resíduos e repassam uma série de informações. “Ao fazermos a destinação de nossos resíduos, geramos o Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR), que informa a transportadora e receptora, como destinatário final. Quando o material é entregue, é emitido o Certificado de Destinação Final (CDF). Esse processo é o que garante que a empresa seja ambientalmente responsável. Além disso, produzimos relatórios trimestrais e, a cada ano, relatamos ao Ministério do Meio Ambiente, por meio do SINIR, o inventário nacional, onde são inseridas as movimentações do ano anterior”, detalha gerente de qualidade do Grupo Trino, Daniel Siqueira.

Para se ter uma ideia da importância da operação, o PGRS do Grupo Trino, no período entre 2022 e 2025, destinou à reciclagem 96 toneladas de papelão, 119 toneladas de plástico, 150 litros de óleos motores, 2.350 unidades de lâmpadas, 20 kilos de pilhas e descartou de maneira adequada 1.416 mil toneladas de produtos impróprios, itens avariados ou com a validade vencida. “São toneladas de produtos que não degradam o meio ambiente. É sustentabilidade na essência da palavra. Todas as empresas precisam assumir esse compromisso. A responsabilidade social também é um fator determinante para o mercado.”, salienta o profissional.

Um plano eficaz contribui para a preservação do meio ambiente, reduzindo a poluição e incentivando a reciclagem. A implantação de um Plano de Gerenciamento de Resíduos não é apenas uma obrigação legal, mas uma necessidade que impulsiona o compromisso com a sustentabilidade no setor corporativo. “Pesquisas recentes mostram que uma parcela significativa dos consumidores — especialmente as gerações mais jovens, como a geração Z — valoriza marcas comprometidas com causas ambientais e sociais. Eles tendem a escolher produtos e serviços de empresas que demonstram responsabilidade com o meio ambiente, respeito aos direitos humanos e uma postura ética na gestão de seus negócios. Isso inclui, por exemplo, o uso de materiais recicláveis, o cuidado com a cadeia produtiva, ações de diversidade e inclusão, e práticas de governança que evitem corrupção e assegurem a transparência”, conclui Fernanda.

Notícias relacionadas