
A palavra insônia tem sido usada a torto e a direito para definir qualquer sono ruim. “Ah, levantei para ir ao banheiro, foi insônia.” “Não quero abusar da comida para não ter insônia.” Mas vale lembrar que há dois tipos de insônia. A primeira é a que ocorre eventualmente, em geral atrelada a um problema factual ou desconforto físico: cerca de 70% das pessoas já passou por isso. Mas quando ela ocorre ao menos três vezes por semana ao longo de três meses, ela é chamada de insônia crônica — problema que atinge 15% dos adultos.
Essas classificações são importantes por que em geral são os que sofrem da insônia crônica que vão precisar de remédios. Mas antes de seguir falando, é vital lembrar que é só o médico que pode dar qualquer definição sobre seu desconforto à noite.
Existem várias classes de medicamentos usados contra a insônia, cada uma atuando de forma diferente. Entre elas estão os agonistas melatoninérgicos, que imitam os efeitos da melatonina natural; os benzodiazepínicos; alguns antidepressivos com ação indutora do sono; e as chamadas “drogas Z”, o grupo de medicações mais modernos contra a insônia. Quero evitar citar nomes de remédios, mas não posso deixar de falar de um que faz parte deste último grupo: o Zolpidem, um dos medicamentos mais famosos (e polêmicos) de todos os tempos. As informações são do jornal O Globo.
📜🔒 O Zolpidem chegou ao Brasil na década de 1990, mas foi só em 2024 que passou a ter a venda supercontrolada. Hoje para comprá-lo, é necessário ter uma Notificação de Receita B, conhecida como receita azul. A prescrição, utilizada para psicotrópicos, fica retida nas farmácias e exige que o profissional prescritor seja previamente cadastrado na autoridade local de vigilância sanitária.
💊📈 A promessa de efeito rápido e risco menor de vício das drogas Z provocaram um estouro no consumo. De acordo com dados da Anvisa, antes da grande restrição de vendas, em 2023, foram cerca de 17,7 milhões de caixas do Zolpidem vendidas no Brasil.
⚠️Com o aumento, os efeitos colaterais se tornaram mais evidentes. Entre eles, a amnésia, pesadelos e o sonambulismo. Segundo um estudo publicado no periódico European Neuropsychopharmacology, ele acomete cerca de 5,1% dos pacientes. Os médicos alertam, porém, que as taxas são maiores entre as pessoas que fazem uso de forma inadequada, como tomar fora da cama, além do período recomendado (de no máximo quatro semanas).
— O zolpidem é um hipnótico eficaz para o tratamento da insônia, porém seu uso deve ser sempre prescrito e monitorado por médico, pelos riscos dos efeitos adversos e dependência, conclui a intensivista e cardiologista Ludhmila Hajjar, professora titular de Emergências da Faculdade de Medicina na USP. das ligações mais fortes é com o Parkinson: pessoas com os piores ritmos de sono apresentaram risco 2,8 vezes maior da doença.