Um estudo conduzido com mais de 45 mil estudantes na Noruega revelou que o uso prolongado de telas na cama está associado a um aumento significativo nos casos de insônia e redução do tempo de sono. A cada hora adicional de exposição, o risco de insônia cresce 63% e o tempo de descanso diminui em média 24 minutos. A pesquisa, baseada em dados autorrelatados de jovens entre 18 e 28 anos, também mostrou que o tipo de atividade realizada — como redes sociais, filmes ou jogos — tem menos impacto do que o tempo total de uso.
A principal autora do estudo, Gunnhild Johnsen Hjetland, do Instituto Norueguês de Saúde Pública, destacou que o uso de dispositivos eletrônicos na cama afeta a qualidade do sono independentemente do conteúdo consumido. “O tempo de exposição, por si só, é o principal fator na piora do sono”, afirmou. Os pesquisadores alertam, no entanto, que o estudo estabelece apenas uma correlação, não sendo possível afirmar que o uso de telas cause insônia — pode ocorrer o contrário: pessoas com dificuldades para dormir tendem a usar mais o celular.
Especialistas consultados, como o terapeuta do sono Kat Lederle e o pesquisador Joshua Piper, reforçam que o uso do celular antes de dormir estimula o cérebro e atrapalha o relaxamento necessário para adormecer. Mesmo com recursos como o modo noturno ou brilho reduzido, o hábito de interagir com o aparelho continua sendo prejudicial. Eles recomendam criar uma rotina para desacelerar o dia, com atividades como leitura, exercícios de respiração, banho morno e evitar cafeína, álcool e refeições pesadas antes de dormir.
Com o avanço da pesquisa, os autores defendem novas investigações para entender melhor os efeitos das notificações e do uso contínuo de telas durante a noite. “Estudos que acompanhem os padrões de sono ao longo do tempo podem ajudar a formular recomendações mais precisas, especialmente para estudantes e outras populações vulneráveis”, concluem. Enquanto isso, manter o celular fora do quarto e adotar hábitos mais saudáveis pode ser um bom começo para melhorar a qualidade do sono.
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