É engenheiro eletricista com formação pela UFPE, tem especialização pela Universidade de Toulouse (França) e mestrado na COPPE/UFRJ. Foi Diretor de Energia do Governo do Estado de Pernambuco: Atuou como Assistente da Presidência da CHESF. Assistente da Presidência da Eletronuclear, professor de Produção de Energia Elétrica da UFPE e foi presidente da ABEN - Associação Brasileira de Energia Nuclear E membro fundador da Academia Pernambucana de Engenharia.

Sítios nucelares e a expansão da energia nuclear no Brasil

Nos anos de 2009 e 2010 a ELETRONUCLEAR coordenou os trabalhos de seleção de
sítios nucleares no Brasil, ocasião em que o Plano Nacional de Energia – PNE 2030
sinalizava a necessidade de construção de novas usinas nucleares no Brasil.
Inicialmente duas usinas na região nordeste seguidas de duas na região sudeste que
deveriam entrar em operação na primeira metade da década de 20.

Esse processo de seleção, do qual participei, contou com a consultoria da COPPE/UFRJ,
do consultor internacional Eng. Paull Rizzo, dele participando também a EPE- Empresa
de Pesquisa Energética do Ministério de Minas e Energia – MME . O estudo escolheu
inicialmente, áreas no nordeste e no sudeste, ampliando depois para todo território
nacional o que totalizou 40 áreas candidatas em um inventário de referência e
informação.

O processo foi baseado em conceitos e critérios do Electric Power Research Institute-
( EPRI ) da Califórnia, Estados Unidos, especificamente desenvolvidos para a seleção de
sítios nucleares , conforme metodologia utilizada com sucesso, e que constam do EPRI
Site Guide.

Naquela ocasião dois sítios, entre outros, ganharam destaque: o sítio no município de
Itacuruba no estado de Pernambuco , considerado excelente pelo Eng. Paull Rizzo, e o
localizado no município de São Romão no estado Minas Gerais.

Nessa mesma época o Eng. Paull Rizzo também estudou o sítio nuclear dos Emirados
Árabes onde hoje se situa a central nuclear de Barakah, com quatro reatores nucleares
APR-1400, num total de 5.600 MW, cuja construção ficou sob responsabilidade de
consórcio liderado pela Korea Electric Power Corp. ( KEPCO ) da Coreia do Sul.

A construção foi realizada em sequência , isto é, uma usina seguida por outra, de forma
ininterrupta, caracterizando um caso de sucesso do setor nuclear , pois foi realizada
dentro do prazo e orçamentos previstos. Trata-se de experiência pioneira dos Emirados
Árabes cujo êxito se deve, em parte, a esse método da construção sequencial, a
exemplo da França que o adotou e continua a adotar e que assim construiu as suas 58
usinas nucleares , das quais 40 em 10 anos.
E o novo programa Chinês que prevê, dessa mesma forma , a construção de 150 novas usinas nucleares em 15 anos. O que faltou ou falta ao Brasil por não ter avançado no desenvolvimento do seu programa nuclear? Por que estamos tão lentos? O programa de construção de renováveis e linhas de transmissão não são suficientes e o Brasil caminha com um sistema elétrico que evolui sem controle, gerando insegurança quanto a custos e
confiabilidade, justamente no momento que precisa crescer para se desenvolver.

Temos um consumo per capita de eletricidade muito baixo, 2500kWh/hab./ano e
precisamos de urgentes e grandes investimentos em geração de grandes blocos de
energia, para sair desse baixo patamar, que nos coloca em posição desfavorável no
mundo , septuagésima quinta posição em IDH – Indice de Desenvolvimento Humano.
A energia de base nuclear oferece alto fator de capacidade que independe do clima e
não polui a atmosfera. Constituiu alternativa fundamental para o desenvolvimento do
nosso país , quer pela garantia da segurança energética, quer do ponto de vista
industrial, tecnológico, educacional e de crescimento sócio-econômico regional.
Ademais, dispomos de grandes jazidas de urânio e dominamos todo o ciclo de
produção do combustível nuclear.

Precisamos adotar rapidamente , novos paradigmas baseados na experiência exitosa
de países que já provaram que padronizar e construir em sequência, seguindo um
programa de construção em sítios pré definidos é a base comprovada para o
sucesso para a construção de novas usinas nucleares.

O recente Plano Nacional de Energia 2050 – PNE 2050 sinaliza a expansão de mais
10,000 MW de novas nucleares nos próximos 27 anos. Viabilizar essa meta significa
seguir esse novo paradigma construindo 10 novas usinas de 1000MW nesse período. O
tempo é curto. Portanto é urgente a aprovação dos novos sítios nucleares, já
estudados, e iniciar o processo de construção nos novos moldes com baixo custo e
dentro dos prazos pré-estabelecidos.

A energia nuclear será um grande vetor para colocar o Brasil de volta a sua rota de
crescimento, como todos nós brasileiros almejamos. Precisamos participar do novo
ciclo de expansão nuclear mundial, sendo também indispensável uma grande
campanha de esclarecimento a nossa população, da grande segurança oferecida pela
moderna tecnologia empregada nas usinas nucleares bem como sobre todos os seus
benefícios, como a contribuição no combate ao aquecimento global e a poluição
atmosférica, pela redução do uso dos combustíveis fósseis, nesse contexto das
mudanças climáticas e da transição energética para um planeta mais sustentável.

O Brasil, com mais de 211 milhões de habitantes, segundo IBGE, está na péssima
posição de nonagésimo lugar em PIB/Per capita o que torna, pelo que já foi dito, mais
do que urgente que os importantes decisores do país se mobilizem para viabilizar o
novo e necessário programa nuclear do país.

É engenheiro eletricista com formação pela UFPE, tem especialização pela Universidade de Toulouse (França) e mestrado na COPPE/UFRJ. Foi Diretor de Energia do Governo do Estado de Pernambuco: Atuou como Assistente da Presidência da CHESF. Assistente da Presidência da Eletronuclear, professor de Produção de Energia Elétrica da UFPE e foi presidente da ABEN - Associação Brasileira de Energia Nuclear E membro fundador da Academia Pernambucana de Engenharia.

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