
O presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), Ricardo Paes Barreto, foi o convidado desta semana do Diariocast, podcast do Diario de Pernambuco, apresentado pelo jornalista Rhaldney Santos, titular deste blog, para debater os desafios do Judiciário estadual e os principais projetos de sua gestão. “Desde o início da nossa gestão, a gente procurou aproximar o poder judiciário da sociedade, em todos os sentidos, em todos os setores”, afirmou o desembargador, defendendo um Judiciário mais acessível, transparente e próximo da população. “O mais importante de tudo é o diálogo.”
Durante a entrevista, Paes Barreto destacou ações voltadas à valorização da mulher no Judiciário, como a ampliação de vagas para desembargadoras e a ocupação majoritária de cargos de direção por mulheres. “Hoje nós temos mais de 60% de cargos de direção do tribunal exercidos por mulheres”, afirmou. Ele também citou a criação da vara 24 horas de Caruaru, voltada ao combate à violência contra a mulher, como um exemplo de iniciativa bem-sucedida: “Isso significou uma queda de quase 70% no índice de feminicídios e crimes contra a mulher na região de Caruaru.”

Um dos destaques da conversa foi o uso da inteligência artificial no TJPE. O presidente revelou que o tribunal está desenvolvendo um robô, batizado de Maia, em parceria com universidades. O objetivo é auxiliar magistrados na elaboração de minutas processuais e otimizar o julgamento de milhares de processos. “A inteligência artificial não tem autonomia. A gente tem que dizer exatamente o que ela vai ter que fazer. Ela lê o processo inteiro, mas obedece ao que o juiz disser”, explicou. Segundo ele, a iniciativa é uma resposta à sobrecarga do sistema: “Hoje, cada unidade em Pernambuco não tem menos de 3 mil processos. Ou a gente tem uma válvula de escape com a inteligência artificial, ou o sistema vai continuar sobrecarregado.”
Paes Barreto também mencionou projetos voltados à juventude, como o que busca garantir capacitação e inserção no mercado de trabalho para jovens egressos de abrigos, e enfatizou seu compromisso com uma gestão humanizada. “A gente tem que mostrar as coisas com tranquilidade. O arrogo, a prepotência, a chamada ‘juizite’… não. Somos todos seres humanos”, disse. “É o diálogo que resolve as coisas — e é com ele que seguiremos fazendo uma Justiça cada vez mais próxima do povo pernambucano.”