Este é um retrato do que muitas famílias vivenciam junto a seus idosos em processo de demência. Talvez por isso tenha tido tanto alcance. Até o momento, já foi assistido mais de 6 milhões de vezes e compartilhado por 173 mil pessoas.
Nem sempre é tranquilo. Nem sempre é leve. Nem sempre é com a paciência que você acompanha no vídeo. Minha sogra, Dona Onilda, tem Alzheimer. Aos 83 anos, seus diálogos se resumem aos mesmos assuntos. O dia e o céu, a hora do banho, a dor de barriga. Ela fala sobre algo e, logo em seguida, esquece. Então retoma o mesmo comentário. Ela também desenvolveu a mania de ir incontáveis vezes ao banheiro. Consome, em média, 24 rolos de papel higiênico por semana. Mesmo que não faça nada, ela gasta metros e metros porque tem a sensação de que precisa se limpar. No início, para toda a família, lidar com esta nova Onilda foi desafiador e angustiante. Hoje, após deixar meus filhos no colégio, durante o percurso para casa, em 12 minutos ela comentou sobre o dia e o céu 13 vezes. Resolvi gravar esta conversa porque sei que neste momento há por muitas e muitos de nós convivendo com idosos. E preciso dizer: eles não tem culpa. Compreender que a condição da minha sogra está fora do alcance dela me trouxe o centramento necessário para enxergar além da superfície. Ela me ensina todas as vezes em que está lá em casa a como desenvolver a minha humanidade diante dos desafios que a velhice e suas limitações apresentam. Porque ser um bom ser humano diante da maré mansa não te faz realmente bom. É na hora do “vamos ver” que a gente pode de verdade perceber como estão nossa empatia e compaixão. Cuidem dos seus idosos. E digo mais: cuidem-se também. Todos os cuidadores precisam de doses de cuidado. Foi o que recebi no Espaço Depp quando hoje fui retocar a raiz do meu cabelo. Conversei com Jan-Jan sobre o desafio de lidar com esta doença (e olhe que minha sogra tem uma cuidadora incrível) e, quando eu menos esperava, antes de se debruçar sobre o meu cabelo, ela pingou óleo essencial nos meus ombros e silenciosamente fez uma das massagens mais afetuosas que eu poderia receber. Parte de nós chegará aos 83 anos um dia. Como gostaremos de ser tratados?
Não adianta brigar com a realidade. Talvez seja mais suave, para você que cuida e para o idoso cuidado, que tudo seja conduzido com mais aceitação, leveza e sorrisos.
Com amor, Vivi ❤️