Grupo Teleport lança Escola China Brasil para incentivar negócios com recursos chineses

As missões empresariais do Grupo Teleport, iniciadas há menos de dois anos, estão abrindo portas para exportações e importações entre o Brasil e a China e um novo empreendimento que promete facilitar a aquisição de crédito e benefícios para empresas brasileiras. Trata-se da Escola Brasil China, uma plataforma online com aulas compactas sobre recursos financeiros, incentivos fiscais e segmentos prioritários oferecidos pelo governo chinês e entidades empresariais de regiões que realizam grandes eventos de negócios.

A Escola, apresentada na última semana a empresários e instituições em encontro no Recife, é uma extensão do HubBrasilChina, escritório virtual e coworking inaugurado no ano passado em Macau, cidade chinesa onde a colonização portuguesa ajuda a interação entre os chineses e os brasileiros. “Desde a primeira viagem percebemos oportunidades de acesso a financiamentos chineses. Estamos falando de empréstimos de 200 mil até 20 milhões de yuans. São valores importantes especialmente para pequenas e médias empresas, considerando que o Yuan vale hoje 0,76 centavos do Real brasileiro”, explica o presidente do Grupo Teleport, Gildo Neves Baptista.

Para ter acesso aos recursos, a empresa brasileira precisa ter um endereço comercial, que pode ser uma filial chinesa com sede no HubBrasilChina, e um cadastro semelhante ao CNPJ. Isso permite a transferência de mercadorias sem tributação, como se fosse de uma filial para outra no Brasil. “A Escola já é um outro degrau, ela passa conhecimento, informações para acessar o capital. Ela é um negócio que vai ajudar outros negócios”, afirma Baptista.

As aulas são baseadas na legislação chinesa e têm como bônus a experiência do professor de Relações Internacionais da Universidade de Pernambuco, Luís Othom Bastos, que viaja à China desde 2002. Os alunos vão contar com conteúdos didáticos e mentorias ao vivo para tirar dúvidas e receber orientações. “Estamos dando o passo a passo, de forma prática, com orientações e dicas sobre a cultura chinesa nas negociações comerciais”, completa Baptista.

Primeiro contrato

Na missão a Macau, em março deste ano, a ideia da Escola se materializou com a assinatura de um acordo de cooperação pela secretária de Inovação, Ciência e Tecnologia de Niterói, Juliana Benício e o Grupo Teleport. “Vamos trazer cursos profissionalizantes em tecnologia chinesa, para que mais pessoas possam atuar no mercado de consertos de equipamentos importados da China. Também queremos fortalecer relações entre o empresariado de Niterói com o comércio chinês com diversas ações para capacitá-los a exportar. E, por último, vamos fazer um curso de pós-graduação em comércio exterior para preparar estudantes a fim de multiplicar o comércio entre o Brasil e a China”, declarou a secretária durante a assinatura do acordo.

A experiência de Niterói pode ser replicada para qualquer outro município do Brasil,
“Começamos em Niterói, mas queremos estar na maioria das cidades brasileiras. A prefeitura não vai arcar com o custeio da Escola China Brasil na sua cidade, temos um modelo de contrapartida para que os municípios possam fazer parceria conosco”, afirma Gildo Neves Baptista Jr, que é também diretor Geral da Escola China Brasil. Segundo ele, será a união das boas práticas pedagógicas em cursos que possam atender às vocações econômicas locais.

A formação da mão de obra técnica para reparos de equipamentos tem ainda um viés sustentável, com a proposta de aumentar a vida útil dos produtos e diminuir o volume de lixo eletrônico nas cidades. “Retornando para uso próprio ou venda no mercado de usados , os equipamentos vão circular num mercado binacional com mais de 1,5 bilhão de pessoas”, detalha o presidente do Grupo Teleport.

Crise Brasil x EUA

A crise diplomática deflagrada pelo presidente dos Estados Unidos ao sobretaxar as exportações brasileiras, obrigando o Brasil a buscar novos mercados, deverá impulsionar os negócios com a China. De acordo com Luís Othon Bastos, embora seja um gigante industrial e em tecnologias, a China precisa importar quase tudo, especialmente alimentos, em grandes volumes, e vê o Brasil como país amigo, companheiro do BRICs. “Cerca de um terço da população da China está nas classes A e B, o que significa cerca de 500 milhões de pessoas que valorizam muito os produtos brasileiros porque são feitos com energia limpa. Eles não se importam em pagar mais por produtos made in Brasil”, observa.

Presente na apresentação da Escola Brasil China, o presidente do Instituto de Pesquisas Estratégicas em Relações Internacionais e Diplomacia (Iperid), Gilberto Freyre Neto, falou do início de uma interação com o HubBrasilChina a fim de favorecer as relações internacionais e a diplomacia econômica, cultural e especialmenrte ambiental – onde, segundo ele, o Brasil é um importante protagonista no cenário mundial.

“Estamos conversando com instituições e pessoas que têm interesse no Brasil e vejam o país como parte importante dos seus negócios. Pernambuco se posiciona nessa dinâmica, como uma projeção do Brasil no mundo moderno. O Iperid se vê parte deste ecossistema e tem total interesse em fazer com que estas relações se estabeleçam da melhor maneira possível, numa relação ganha-ganha entre os países amigos de qualquer área, qualquer estrutura política que queiram, obviamente, olhar o Brasil como parceiro”, declarou.

Freyre Neto lembra que o Brasil mantém uma dinâmica de relações históricas com todos os países, que vem desde sua ocupação, há 500 anos quase, por Portugal, país que tinha um primeiro ponto de contato com a antiga rota da seda, que durante séculos promoveu o comércio entre o Ocidente e o Oriente. “Isso nos dá um protagonismo de voz e uma relação histórica muito forte com estes países que hoje são protagonistas do mundo econômico. Quando eles olham para o Brasil tentam descobrir aqueles pontos de contato na história, na cultura, que criam um bom ambiente de negócios”, resume Gilberto Freyre Neto.

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