Funcionários do governo dos EUA são instruídos a reportar iniciativas de inclusão e diversidade ou enfrentar ‘consequências’

A administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mandou e-mails a funcionários federais na quarta-feira, ordenando que relatassem tentativas de ocultar iniciativas de diversidade, sob pena de “consequências adversas”, informou a BBC nesta quinta-feira. A medida segue a proibição de escritórios e programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI, na sigla em inglês) no governo.

Segundo a rede britânica, as mensagens davam instruções aos trabalhadores para “relatar todos os fatos e circunstâncias” para um novo endereço de e-mail do governo dentro de 10 dias, o que alguns interpretaram como uma exigência para dedurar colegas à Casa Branca.

A reportagem cita um funcionário do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS, na sigla em inglês), que relata que ele e a equipe estão “realmente assustados e sobrecarregados” com a situação.

Trump assinou ordem executiva encerrando programas de diversidade, equidade e inclusão no governo federal logo em seus primeiros atos de governo, após ser empossado na segunda-feira, afirmando que as contratações passarão a ser “por mérito”. A ordem revogou partes de uma medida assinada pelo ex-presidente Joe Biden em seu primeiro dia no cargo, há quatro anos, e pode restringir o acesso a cuidados médicos de afirmação de gênero, segundo a agência americana Associated Press.

Em um memorando do Escritório de Gestão Pessoal (OPM, na sigla em inglês), chefes de departamentos e agências foram instruídos a planejar redução de pessoal envolvido nessas áreas até o final do dia 31 de janeiro. O novo decreto ainda orientou que os órgãos removam qualquer linguagem ou publicidade relacionada a iniciativas de DEI, retirando documentos ou diretrizes pendentes que pudessem contradizer as novas ordens. Também foi ordenado que os chefes das agências investigassem, num prazo de 10 dias, se programas foram renomeados para mascarar seus propósitos, sob pena de “consequências adversas”.

As medidas anunciadas nesta semana representam o início de uma campanha agressiva para desmantelar os esforços de DEI em todo o país, inclusive com investigações do Departamento da Justiça e de outras agências sobre práticas de treinamento e contratação de empresas privadas, que críticos conservadores consideram discriminatórias contra grupos não minoritários, como homens brancos.

Os decretos dão continuidade ao trabalho iniciado na primeira administração de Trump (2017-2021). Um de seus últimos atos na época foi uma ordem proibindo contratantes e beneficiários de fundos federais de conduzirem treinamentos contra preconceitos que abordassem conceitos como racismo sistêmico.

Karoline Leavitt, secretária de Imprensa da Casa Branca, afirmou que as novas diretrizes não deveriam ser uma surpresa. Em nota, ela disse que Trump “fez campanha prometendo acabar com o flagelo [das políticas de] DEI no governo federal e devolver os EUA a uma sociedade baseada no mérito, onde as pessoas são contratadas com base em suas habilidades, não na cor de sua pele”. Leavitt ainda declarou que as ordens são “uma vitória para americanos de todas as raças, religiões e credos”.

Fonte: Jornal O Globo
Foto: Reprodução

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