
Durante uma audiência pública realizada na Câmara Municipal de Pelotas (RS) em junho de 2022, o ecólogo Marcelo Dutra da Silva, doutor em ciências e professor de Ecologia na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), fez um alerta sobre as mudanças no padrão das chuvas na região. Ele destacou que, a partir de 2013, houve um aumento significativo no acumulado de precipitação, ultrapassando os 300 mm em alguns meses.
Dutra chamou a atenção para a falta de preparação das cidades gaúchas para lidar com chuvas extremas, evidenciando a necessidade de identificar áreas de risco e adotar medidas preventivas. Durante o debate sobre mudanças climáticas, ele enfatizou a importância de tornar as comunidades mais resilientes aos eventos climáticos extremos.
Diante das inundações recentes que assolaram o Rio Grande do Sul e deixaram um rastro de destruição, o pesquisador defendeu uma mudança radical na resposta do poder público. Ele argumentou que reconstruir as áreas afetadas sem considerar as novas condições climáticas não é mais viável.
Segundo o especialista, a reconstrução do estado precisa ser planejada levando em conta as áreas mais seguras e resistentes às variações climáticas. “Cidades inteiras vão ter que mudar de lugar. É preciso afastar as infraestruturas urbanas desses ambientes de maior risco, que são as áreas mais baixas, planas e úmidas, as áreas de encostas, as margens de rios e as cidades que estão dentro de vales”, diz.
Ele enfatizou a necessidade de “desedificar” certas áreas, ou seja, remover estruturas urbanas de locais de risco e repensar o planejamento urbano. “Precisamos devolver para a natureza esses espaços que estão mais sensíveis ao alagamento”, afirmou.
Fonte: BBC NEWS BRASIL