O assunto que toma conta do meio médico pernambucano nos dias atuais é a eleição que definirá o Corpo de Conselheiros para a próxima gestão do CREMEPE, prevista para os dias 14 e 15 de agosto. De maneira inédita, nada menos de quatro chapas concorrentes prometem uma disputa acirrada, com propostas convergentes em alguns aspectos, mas divergentes em outros.
Bom para a Instituição e, por isso mesmo, bom para a categoria, desde que mantido o debate no plano propositivo das ideias, no respeito aos colegas que pensam diferente, sem partidarização e zelando sempre pelo compromisso com a missão precípua da Autarquia, qual seja, a de contribuir com uma assistência médica ética e de qualidade para a nossa gente.
Há médicos de notável valor técnico e moral – vários com relevantes serviços prestados à nossa medicina – nas quatro chapas. Na condição de ex-conselheiro, em três mandatos (1997 a 2012), permito-me analisar, embora muito sumariamente – e peço perdão por isso –, os perfis dos grupos concorrentes, de modo a, quem sabe, ajudar na escolha dos colegas menos informados.
As chapas 1 e 2 são consideradas de situação. De uma gestão séria e profícua, devo dizer. Resultam de uma rotura interna. Nelas, cerca de 50% já são Conselheiros. A Chapa 1 concentra profissionais renomados, de reputação ilibada e perfil acadêmico. Quer inovar no apoio e assistência aos médicos. A 2 também propõe a continuidade das diretrizes em prática nos últimos anos, com algumas propostas inovadoras. Tem o apoio estratégico e importante do SIMEPE.
As chapas 3 e 4 são de oposição. A bem da verdade, não há como deixar de ressaltar que elas têm sim um forte viés político-ideológico, o que não configura defeito. E nesse sentido, são diametralmente opostas. Uma, bem de esquerda e a outra, bem de direita. Já ouvi colegas da Chapa 4 dizerem que a 3 é cheia de “petistas comunistas”, linguagem lamentável e anacrônica, diga-se de passagem. E já escutei colegas da 3 dizerem que os atuais conselheiros das chapas 1 e 2 foram omissos na pandemia e que na 4 há negacionistas antivacina “de carteirinha”, defensores do “kit covid“ e do ex-presidente genocida.
Sem negar a relevância dessas e de outras questões, espero que o debate se amplie para temas ainda mais atuais e importantes – como o aumento do número das escolas médicas e o Programa Mais Médicos –, para que o CREMEPE e a categoria médica de Pernambuco saiam dessa campanha enriquecidos, fortalecidos e ainda mais antenados com os anseios e expectativas da nossa gente.
Cláudio Lacerda – cmlacerda1@hotmail.com
Professor Titular de Cirurgia da UPE e Diretor da Uninassau.
Chefe da Equipe de Transplante de Fígado do HUOC e do IMIP.