Dólar dispara globalmente com tarifas de Trump contra México e Canadá

O dólar dispara globalmente e os futuros das bolsas de Nova York afundam na manhã desta segunda-feira, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter determinado a imposição de tarifas de 25% contra itens do México e do Canadá e de 10% contra produtos chineses. As medidas entrarão em vigor amanhã e devem causar alta volatilidade nos mercados financeiros, inclusive no Brasil. A ameaça tarifária contra a União Europeia também permanece e deve ser executada “muito em breve”, segundo o líder republicano.

Os países já responderam às determinações de Trump. O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, retaliou com taxas de 25% a produtos importados americanos. Já a presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse que implementará medidas tarifárias e não tarifárias, mas adotou um tom mais conciliatório, ao propor o estabelecimento de um grupo de trabalho com equipes de saúde pública e segurança dos EUA. Vale lembrar que Trump, além de buscar um “equilíbrio comercial”, age sobre o que considera má gestão dos governos em relação à política migratória e ao tráfico de drogas.

Por volta de 10h, o índice DXY – que mede a relação do dólar com uma cesta de moedas – avançava 0,33% a 108,15 pontos. O dólar avançava 0,97% ante a moeda canadense, para 1,467840 dólar canadense, e subia 1,95% ante a moeda mexicana, a 21,07166 pesos mexicanos.

No mercado local, o dólar subia 0,34%, a R$ 5,8584, em linha com outras moedas emergentes reagindo às tarifas de Trump e enquanto o Boletim Focus mostrou uma nova rodada de piora das expectativas de inflação.

Ainda na sexta-feira, os mercados domésticos foram atingidos pelo anúncio do governo americano. O Ibovespa recuou, apesar de fechar o mês no azul, e os juros futuros de curto prazo avançaram. O dólar à vista, por sua vez, diminuiu a queda vista no início da sessão, mas fechou no décimo recuo seguido e acumulou depreciação de 5,54% contra a divisa brasileira, no seu pior desempenho desde junho de 2023. No entanto, a dinâmica do movimento deve se alterar em meio à forte valorização da moeda americana globalmente nesta segunda.

No Brasil, os investidores reagem ao Boletim Focus, do Banco Central, que apontou uma nova rodada de desancoragem das expectativas de inflação, em meio à pressão externa e à desconfiança quanto ao compromisso do Banco Central em perseguir a meta de inflação de 3%. As expectativas para o IPCA de 2025 subiram de 5,50% para 5,51% e as do IPCA de 2026 de 4,22% para 4,28%. No cenário político, a pesquisa Genial/Quaest mostra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceria todos os candidatos da oposição em primeiro e segundo turnos caso a eleição fosse hoje. Os resultados podem acrescentar volatilidade aos ativos locais no pregão de hoje.

Fonte: Valor Econômico

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