Comissão reconhece Ana Arraes como anistiada política

A Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos reconheceu, ontem (23), a ex-deputada federal e ex-presidente do TCU, Ana Arraes, como anistiada política. Pernambucana, filha do ex-governador Miguel Arraes, Ana foi considerada vítima da repressão durante a ditadura militar, período em que abandonou os estudos aos 16 anos, enfrentou o chamado “inxílio” e foi obrigada a se casar em uma base militar. O relator do processo, Prudente José Silveira Mello, destacou: “Ela ficou praticamente sem família por perto. Viu seu pai, sua madrasta e seus irmãos seguirem para o exílio. Somente em 1976, lhe foi assegurado retirar o passaporte e visitar seu pai na Argélia, onde estava exilado. Foi um duro golpe.” A decisão garante à ex-parlamentar uma indenização de R$ 100 mil em parcela única.

Diferentemente de outros processos analisados na mesma sessão, o caso de Ana Arraes chamou atenção por não estar vinculado a movimentos sindicais ou partidários, mas sim à perseguição pessoal vivida no contexto da ditadura. A comissão considerou que, embora jovem, ela sofreu as consequências do regime. “Ao lado da resistência democrática, Ana Arraes tornou-se, ainda muito jovem, alguém que atuou no fortalecimento da luta pela anistia. E sofreu os horrores dos atos arbitrários”, afirmou o professor Manoel Moraes, integrante da comissão. A decisão foi aprovada por unanimidade e será publicada no Diário Oficial da União.

Além de reconhecer os impactos individuais sofridos por Ana Arraes, a Comissão destacou o papel das mulheres na resistência democrática. “A decisão enfrenta preconceitos da cultura patriarcal que historicamente promove o apagamento da biografia das mulheres. Reverter esse processo é uma tarefa necessária na luta diária por uma sociedade mais justa e plural”, completou Manoel Moraes. Com informações da Folha de Pernambuco.

Foto: Reprodução

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