Artistas pernambucanos se mobilizam pela recuperação do Teatro Valdemar de Oliveira

Foto: Reprodução

Por Camila Emerenciano

O abandono que assola o Teatro Valdemar de Oliveira, que tem sido alvo de invasões, depredações e furtos ao longo dos últimos anos, motivou a organização de uma mobilização na Praça Oswaldo Cruz, no bairro da Boa Vista, onde está localizado o teatro. O “Movimento em Defesa do Teatro Valdemar de Oliveira” está está marcado para a próxima quarta-feira (27), às 10h, e conta com a liderança de Oséas Borba, José Manoel Sobrinho e José Mário Austregésilo, expoentes da comunidade teatral pernambucana.
Construído em 1971, o Valdemar de Oliveira foi concebido como sede do Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP), vindo a se tornar um dos mais tradicionais espaços teatrais da capital pernambucana. Nos últimos meses, a mídia tem noticiado o gradual deterioramento do edifício, que foi alvo de atos de vandalismo e até mesmo utilizado como moradia. Os membros do TAP, responsáveis pela administração do teatro, relataram danos frequentes ao sistema de segurança eletrônica, além do roubo de troféus, fiações de cobre, telhas de amianto, refletores e outros objetos de valor.

Vídeo: Reprodução


No Diário Oficial desta sexta-feira (22), a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) formalizou o início do processo de tombamento do teatro, respaldado pela legislação estadual Lei º 7970/1979. A medida visa garantir a preservação do espaço contra eventuais demolições durante o curso do processo. O pedido de tombamento foi apresentado pelo Grupo João Teimoso e o Movimento Guerrilha Cultural.
No fim do mandato do ex-governador Paulo Câmara, a Secretaria de Cultura iniciou as negociações para a concessão do equipamento ao Governo do Estado. A proposta envolvia a gestão do teatro pelo Estado, sob um acordo de comodato com duração de 19 anos, até 2041, data em que o Teatro de Amadores de Pernambuco celebrará seu centenário. Só então, uma avaliação definiria se o acordo seria ou não renovado.
Em maio deste ano, Cristiana de Oliveira, neta de Valdemar, denunciou a deterioração do teatro à imprensa. A partir deste fato, novas discussões foram iniciadas com as autoridades públicas. Na ocasião, a Cristiana declarou seu desejo de doar o edifício para acelerar o processo de restauração.
O cantor e compositor Maciel Melo, colunista do Blog Rhaldney Santos Oficial, escreveu um manifesto em prol do teatro. Confira: “É triste ver um palco apagado, pelo descuido de quem quer que seja. As luzes de um teatro só se acendem quando o disjuntor da caixa mágica de um ator, de uma atriz, ou de um pirilampo humano, ativa sua fonte de luz para clarear o cenário de uma peça, de um concerto, ou de um recital de música e de poesia.
Penso que, não sei se estou errado ou certo, mas o prefeito João Campos deveria, de alguma maneira, tentar reacender este que é, foi, e será, uma grande referência na história do teatro pernambucano. Valdemar de Oliveira não merece essa escuridão. É mais um espaço cultural que poderá transformar-se numa padaria, numa farmácia, ou num amontoado de concreto frio, de minúsculos compartimentos, sem cheiro, sem cor e sem graça. Já tombaram tantas coisas, só para preservarem as fachadas, porque não, algo que preserve o seu interior? Taí aí João: O TEATRO VALDEMAR DE OLIVEIRA, palco de grandes espetáculos, de grandes alegrias, de grandes emoções, tablado do Teatro de Amadores de Pernambuco. Isso também faz parte da reconstrução da história do Recife”.
A assessoria de comunicação da Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE) e da Fundarpe se manifestou por meio de nota oficial, na qual afirmou que o órgão lamenta “o ato de vandalismo que destruiu o Teatro Valdemar de Oliveira, uma das salas de espetáculos privadas mais importantes e tradicionais do estado, sede do Teatro de Amadores de Pernambuco”.

Notícias relacionadas