Estreio essa coluna com artigo de mesmo nome, Arte & Educação. Assim resolvi, com o intuito de trazer aos leitores minha visão das conexões entre um e outro tema, apesar de parecerem distintos.
Quantos de nós, ao viajarmos para o Sudeste ou para o exterior, não nos deparamos com multidões de crianças e jovens alunos guiados em Museus por seus professores, expondo seus alunos às mais diversas formas de manifestações artísticas?
O contato do cérebro jovem em formação com a arte tem um potencial de alta octanagem no sentido de expandir os horizontes cognitivos, ampliar sua capacidade para o raciocínio abstrato, como dizem no linguajar do mercado, ensiná-los a pensar “fora da caixa“!
Quando propomos intensificar a exposição dos jovens à obras de arte, não temos a intenção de torná-los artistas mas sim de provocar essa explosão das fronteiras do raciocínio, pois acreditamos que isso trará ganhos na formação em geral desse ser humano, seja na engenharia, medicina, direito ou qualquer outro campo da formação acadêmica.
No Brasil sabemos a precariedade do sistema público de museus, invariavelmente sem recursos para desenvolver ações e atividades atraentes ao público. A iniciativa privada tem papel fundamental na expansão da oferta de espaços de Arte tanto no Brasil quanto pelo mundo afora. Ainda no início do século XX, a disputa entre dois titãs empresariais, o Conde Ítalo Paulistano Cicilo Matarazzo e o Caboclo Paraibano de Umbuzeiro Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, nos legou dois dos principais museus do país, o MAM SP e o MASP.
Hoje pelo mundo existem aproximadamente 446 museus privados espalhados por diversos continentes, porém com forte concentração na Europa, a grande maioria nascidos no século XXI.
Para nossa triste constatação, no Brasil estão apenas em torno de uma dezena desses.
Uma notícia nos anima como semente de uma ideia fundamental, o surgimento de espaços de Arte distantes das capitais e grandes centros urbanos. Espaços como o Instituto Inhotim, a FAMA e a Usina de Arte vêm modificando a paisagem sociocultural nas regiões onde estão inseridos. O Brasil sofre do mal crônico da alta concentração populacional em grandes centros urbanos onde vivem mais de 80% de sua população, com especial destaque para as capitais, restringindo o acesso às oportunidades das populações do interior, alimentando um círculo vicioso que aumenta o êxodo dia a dia, colocando pressão nos sistemas habitacionais, de transporte, de saúde , etc… desses grandes centros, alguns deles beirando o colapso.
Dirijo meus pensamentos aos elaboradores de políticas públicas orientadoras do desenvolvimento no sentido em que coloquem como meta inegociável o estímulo ao desenvolvimento do interior, ampliando oportunidades de qualidade nos campos culturais, educacionais, profissionais para que sua população ali se estabeleça, empreenda, consuma, e assim tenhamos alimentado um círculo virtuoso incrementando a qualidade de vida da sua população.