Arquidiocese de São Paulo se manifesta diante de possível CPI contra Padre Júlio Lancellotti

Foto: Marcelo Camargo

Nesta quinta-feira (04), a Arquidiocese de São Paulo divulgou uma nota onde afirma que “acompanha com perplexidade” a tentativa de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Padre Júlio Lancellotti. O requerimento para a CPI foi protocolado em dezembro na Câmara Municipal de São Paulo, solicitando investigação das organizações não governamentais atuantes na região da Cracolândia, conhecida por abrigar pessoas em situação de rua e com consumo abusivo de drogas no centro da capital paulista.

Embora o sacerdote não tenha sido mencionado nominalmente no pedido de CPI, o vereador Rubinho Nunes (União), autor do requerimento, afirmou em diversas declarações, inclusive nas redes sociais, que o Padre Júlio Lancellotti é o principal alvo da investigação. O vereador também expressou a intenção de direcionar a CPI contra o movimento A Craco Resiste.

Em 2020, Nunes, então candidato a vereador, solicitou ao Ministério Público de São Paulo a abertura de um inquérito contra a ong. Ele acusava a organização de favorecer o consumo de drogas. A investigação policial aberta, no entanto, acabou arquivada sem encontrar qualquer irregularidade. Na nota, a Arquidiocese questiona a coincidência dessa movimentação, uma vez que Nunes é um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL) e está mais uma vez em ano eleitoral. “Perguntamo-nos por quais motivos se pretende promover uma CPI contra um sacerdote que trabalha com os pobres, justamente no início de um ano eleitoral?”

No requerimento da CPI, o vereador alega a necessidade de investigar ONGs que fornecem alimentos, utensílios para uso de substâncias ilícitas e tratamento para dependentes químicos na região da Cracolândia. Ele justifica a investigação das organizações da sociedade civil mencionando que algumas delas recebem financiamento público para suas atividades.

O documento já conta com assinaturas de mais de um terço dos 55 vereadores da Câmara Municipal, mas ainda aguarda aprovação em plenário para ser oficialmente instalada a CPI. Com informações da Agência Brasil.

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