Uma ocorrência significativa na rede de operação do Sistema Interligado Nacional (SIN) resultou em um apagão que atingiu todas as regiões do Brasil no início da manhã desta terça-feira (15). Com exceção de Roraima, que possui malha elétrica independente, todos os estados da federação foram afetados. Conforme relatórios emitidos pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), uma interrupção na interligação Norte-Sudeste levou à suspensão de uma carga considerável, equivalente a 16 mil megawatts (MW).
As investigações sobre as causas por trás dessa ocorrência estão em andamento, com especialistas e equipes técnicas trabalhando para determinar o evento desencadeador.
O incidente teve início às 8h31, horário de Brasília, quando ocorre o tradicional aumento de demanda no sistema elétrico. Dentro de um intervalo de dez minutos, o país testemunhou uma queda notável de 25,9% na carga elétrica total. De acordo com as métricas do SIN, mantidas pelo ONS, os números mostram que às 8h30 a carga era de 73.484,7 MW, seguindo a tendência ascendente que é rotineira pelas manhãs. Entretanto, às 8h31, uma redução de cerca de 7% ocorreu subitamente.
A queda na carga continuou nos minutos subsequentes, atingindo seu ponto mais baixo às 8h40, registrando apenas 54.383,7 MW, representando uma perda considerável em um curto período. Os registros indicam que no período citado, o sistema elétrico experimentou uma perda de mais de um quarto de sua capacidade. Somente a partir das 8h41 a carga elétrica começou a se recuperar gradualmente.
Os efeitos do apagão foram sentidos de maneira diversificada em todo o país. No subsistema Norte, a carga caiu em 83,8%. Na região Nordeste, a queda atingiu 44,4% da carga total. No subsistema Sudeste-Centro-Oeste, a perda foi calculada em 19%, enquanto a região Sul apresentou a menor queda, chegando a 15,5%.
Por volta das 14h30, o Ministério de Minas e Energia anunciou o restabelecimento do sistema nacional de energia. O ministério esclareceu que, naquele momento, apenas algumas localidades específicas ainda necessitavam de ajustes para que a normalidade fosse completamente retomada.
O ONS revelou que a interrupção havia sido uma “ação controlada” e premeditada, com o objetivo de evitar que a falha se propagasse pela rede elétrica nacional. Em nota, o ONS comparou a situação a uma “separação elétrica”, onde as regiões Norte e Nordeste foram desconectadas das regiões Sul e Sudeste do país.
Incidente presumível: especialista alerta para a complexidade operacional do sistema elétrico brasileiro devido ao aumento de energias renováveis

Foto: Reprodução
Em coluna publicada no Blog do Rhaldney na última sexta-feira sobre os desafios para o Ministério de Minas e Energia, o consultor em energia Carlos Mariz já havia comentado sobre a complexidade da matriz energética brasileira e alertado quanto ao risco de apagões.
O especialista atribui o evento de hoje à fragilidade do modelo com aumento na participação das fontes renováveis. De acordo com Mariz, as energias eólica e solar têm ganhado espaço na matriz energética, porém, são fontes intermitentes e não controláveis. Este fator contribui para a complexidade operacional do sistema elétrico, uma vez que a variação do vento e da luminosidade solar afeta diretamente a produção, gerando perturbações.
“O sistema brasileiro está aumentando a participação de energia eólica e solar, mas não está dando a devida atenção à energia de base, que é controlável e independe das condições climáticas. As hidrelétricas com grandes reservatórios têm sido a âncora desse sistema, compensando as variações dessas fontes intermitentes”, explica.
O consultor ressalta a necessidade de mais planejamento a médio e longo prazo, bem como investimentos em fontes de energia robustas, como hidrelétricas com reservatórios e energia nuclear de base. “O sistema precisa ser mais resiliente e contar com fontes que garantam suprimento contínuo, algo que a eólica e a solar não conseguem oferecer de imediato”, reiterou.
Mariz também enfatiza a importância da segurança elétrica do sistema, defendendo a implementação de políticas que estimulem a geração própria nos estados. “Roraima, o único estado que não sofreu com o apagão, não faz parte do sistema interligado nacional. Isso indica que a dependência exclusiva da interligação não é sustentável. O Nordeste precisa desenvolver geração interna de base, semelhante ao modelo das hidrelétricas do passado”, afirmou.
Com o cenário energético em constante evolução, a discussão sobre a diversificação e segurança da matriz energética torna-se ainda mais relevante. A busca por soluções que equilibrem a crescente demanda com a estabilidade do fornecimento é um desafio que exige colaboração entre os setores público e privado, bem como investimentos estratégicos em tecnologias e infraestrutura.
Atualização: Coronel Feitosa referencia coluna de Carlos Mariz em audiência na Alepe

Foto: Divulgação/ Alepe
Os impactos do apagão que atingiu várias regiões do Brasil continuam reverberando pelo país. De acordo com matéria publicada pelo Blog Pernambuco no Ar, durante uma sessão na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o deputado estadual Coronel Feitosa (PL) destacou a coluna do especialista em política energética Carlos Mariz, publicada no Blog do Rhaldney Santos, que já na semana passada havia lançado um alerta sobre a vulnerabilidade da rede elétrica brasileira e o risco iminente de apagões.
O parlamentar levou à tribuna a advertência feita por Mariz na publicação. “Quando o vento para e/ou a luz solar não brilha, quem substitui a produção de energia? Como isso é feito? Será que o sistema elétrico brasileiro está indo bem? A confiabilidade e os custos estão adequados?”, dizia o trecho.
Coronel Feitosa enfatizou que o episódio do apagão ocorrido na terça-feira (15), evidencia a fragilidade do sistema de geração de energia brasileiro. “Hoje o país é totalmente dependente de fontes de energia intermitentes (água, sol e ar) que não são constantes e dependem dos fatores climáticos, principalmente na região Nordeste”, lembrou o deputado.
tem defendido a implementação de usinas de energia nuclear em Pernambuco. Essa posição ganhou destaque ao ser apresentado que o estado possui condições geológicas ideais para a construção dessas usinas nucleares, com um sítio propício localizado na cidade de Itacuruba, no sertão do estado.
Desde 2019, o parlamentar tem defendido a implementação de usinas de energia nuclear em Pernambuco. Essa posição ganhou destaque ao ser apresentado que o estado possui condições geológicas adequadas para a construção dessas usinas nucleares, com um sítio propício à atividade localizado na cidade de Itacuruba, no sertão do estado.