A nova estratégia da defesa de Bolsonaro sobre o impedimento de Alexandre de Moraes

Com a chegada do criminalista Celso Vilardi, a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro já sinalizou nos bastidores que deve abandonar a estratégia de insistir no impedimento do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na supervisão do inquérito da trama golpista.

Vilardi tem bom trânsito no STF, é respeitado no meio jurídico e já atuou na defesa de empresas como a Americanas, de executivos da Camargo Correia, no âmbito da Operação Lava-Jato, e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares no caso do mensalão.

“Ele tem uma relação ampla com a imprensa, com membros da Corte e inaugura um capítulo novo da defesa”, disse reservadamente à equipe da coluna um aliado de Bolsonaro.

Interlocutores do ex-presidente contam que Vilardi tem dito que terá um posicionamento mais técnico e menos beligerante em relação ao Supremo, por considerar que o confronto só tensiona ainda mais o ambiente – e complica a situação de Bolsonaro no STF.

A decisão de não insistir no impedimento de Moraes tem a ver com esse novo posicionamento, que, de acordo com aliados que conversaram com o advogado, se resume em “não contestar fatos consumados”. À colunista Bela Megale, ele disse que respeita e “seguirá respeitando” o STF.

O STF já rejeitou dois pedidos de impedimento de Moraes feitos por Bolsonaro nos últimos 13 meses. Um dos recursos foi rejeitado por 9 votos a 1, em dezembro passado – e um outro pedido ainda aguarda análise, sem previsão de julgamento.

Internamente, o novo entendimento da defesa é o de que a questão “já está decidida”.

“Bolsonaro finalmente tenta uma aproximação com o STF. Talvez um pouco tarde demais”, diz um influente advogado de um dos 40 indiciados na trama golpista. “Ele quer distensionar a relação com a Suprema Corte, mas se vai conseguir, é outra história.”

Fonte: Blog de Malu Gaspar – Jornal O Globo.

Foto: Reprodução

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