
Doze estados brasileiros têm hoje mais beneficiários do Bolsa Família do que trabalhadores com carteira assinada no setor privado, de acordo com dados do Caged divulgados em maio. Todos estão concentrados nas regiões Norte e Nordeste, como Maranhão, que lidera a relação com 1,2 milhão de famílias beneficiadas e apenas 669 mil empregos formais. O oposto ocorre em Santa Catarina, onde há 11 trabalhadores formais para cada beneficiário.
Apesar do cenário ainda desigual, o número de empregos com carteira tem crescido desde o início do governo Lula, revertendo a tendência vista no auge da pandemia. Em janeiro de 2023, o número de beneficiários equivalia a 49,6% do total de empregos formais; em agosto de 2024, essa proporção caiu para 42,6%. No mesmo período, foram criadas 4 milhões de vagas formais, enquanto 1,1 milhão de pessoas deixaram de receber o benefício, principalmente após revisão de cadastros unipessoais com indícios de irregularidades.
Esse quadro é resultado de movimentos distintos: enquanto o mercado formal de trabalho volta a crescer, o Bolsa Família passou por ajustes desde que foi rebatizado após o governo Bolsonaro — que, às vésperas da eleição de 2022, havia expandido em 49% o número de beneficiários. Agora, sob a gestão petista, o programa foi mantido com valor médio de R$ 681, mas passou a ser mais focalizado, com revisões e exclusões de cadastros irregulares.